História

Imprimir

União das Freguesias de Bustos, Troviscal e Mamarrosa

 

União das Freguesias de Bustos, Troviscal e Mamarrosa, no concelho de Oliveira do Bairro, foi criada pela Lei 11-A/2013 de 28 de janeiro, ficando definida a sua sede em Bustos. 

 

 

As Freguesias de origem...

 

Bustos  

Bustos esteve ligada aos concelhos de Sosa e Aveiro até 1836 e, desse ano até 1895, manteve-se integrada no concelho de Mira, passando ao de Anadia até 1898 ano em que integrou, como parte da Freguesia de Mamarrosa o então restaurado concelho de Oliveira do Bairro. Bustos apenas se instituiu como freguesia independente em 1920, pela Lei n° 942 de 18 de fevereiro de 1920 e a 8 de agosto de 2003, foi aprovada em Assembleia da República, a elevação de Bustos a Vila, publicada em DR de 26 de agosto, pela Lei 80/2003. O seu orago é São Lourenço, mártir romano do século III.

A nível eclesiástico, a paróquia de São Lourenço de Bustos foi criada no dia 7 de março de 1925.

Do património cultural e edificado de Bustos destaca-se o Palacete do Visconde de Bustos, secular edifício erigido em 1905 e 1906 por António Duarte Sereno a quem em 1908 D. Manuel II atribuiu o título de Visconde de Bustos. O palacete tinha um magnífico jardim e, no topo dos pilares do portão existiam dois leões. O símbolo mais importante do palacete e, a bem da verdade, reconhecido como símbolo de Bustos, é o torreão mirante

que o visconde mandou construir junto ao portão.

A estrutura, que está implantada no Jardim do Palacete, é de planta hexagonal com um dragão não alado, em forma de serpente, no topo do pináculo. É do grego que provém a palavra dragão, derivada do verbo olhar, figura que na mitologia grega tem como função vigiar tesouros cobiçados. O dragão tinha como função simbólica, vigiar a riqueza cobiçada do topo do torreão, que é simultaneamente um símbolo defensivo e símbolo de poder económico. É no ano de 1978, quando o edifício foi comprado pelo povo, que a estrutura aparece pela primeira vez associada às comemorações do 18 de fevereiro, dia de Bustos, num cartaz. Em correspondência da Comissão Instaladora da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos, datada de 28 de novembro de 1981, o Torreão adquire novo simbolismo: o de protetor dos Bustoenses "(...)A luz noturna que ilumina o torreão reconstruído simboliza a claridade do maior farol a iluminar o caminho dos Bustoenses por esse mundo além(...)". A consagração do Palacete como Símbolo de Bustos materializa-se no poema "O Torreão" da autoria de Hilário Costa, datado de novembro de 1984.

 

 

O Torreão 

O símbolo da nossa Terra, 

Será sempre o Torreão. 

— P'ra onde quer que tu vás, 

Leva-o no teu coração ... 

— Não em peso. Na medida 

Que caiba dentro de ti. 

Terás boa companhia:

— Uma imagem que sorri! 

Nov. 1984 (Livro de Hilário Costa, p. 119).

 

 

As maiores fontes de rendimento dos habitantes locais são a agricultura, o comércio tradicional e a indústria cerâmica. A vinicultura e o cultivo de cereais são as principais produções agrícolas de Bustos, sustentando a economia local.

Os habitantes de Bustos mostraram-se, desde sempre, muito ligados à cultura e às artes dramáticas: para além do Orfeão de Bustos, com um Grupo Coral e um Grupo de Cantares Populares, dispõe também da Associação Beneficência e Cultura de Bustos, que promove variados espetáculos de música e teatro.

  

 

Troviscal 

Troviscal foi elevada à categoria de Vila em Assembleia da República a 1 de julho de 2003, publicada em DR pela Lei 81/2003 de 26 de agosto de 2003. Dista da sede concelhia cerca de 8 km e tem por orago S. Bartolomeu.

A antiguidade do povoamento local remonta pelo menos ao período de ocupação romana; dessa época restam vestígios de uma pequena ponte, no lugar do Passadouro, que integrava a estrada de Portus Cale a Conímbriga. Terá sido a existência desta via que terá impulsionado o crescimento e fixação da população, que ganhou importância considerável, denotada nas Inquirições de 1220, ordenadas por D. Afonso II e que fazem referência à povoação de "Canisaes" (atual Caniçal), onde existiam 12 casais pertencentes ao Bispado de Coimbra. Nesta altura não há referência ao topónimo Troviscal, pois o local apenas ganhou importância após o declínio da via romana, que levou ao crescimento da povoação para Nordeste, acabando por ser a construção da igreja paroquial em Troviscal, que ditou a fixação da população nesse mesmo centro.

Troviscal beneficiou dos forais de Recardães e de São Lourenço do Bairro e apenas a meados do século XX integrou o concelho de Oliveira do Bairro. Na década de 50 do século XX, Troviscal sofreu um considerável declínio demográfico com o grande surto de emigração que se verificou na altura.

A música é um fator de grande importância nesta localidade e tal deve-se ao professor José Oliveira Pinto de Sousa, que chegou a Troviscal em 1909 para exercer o Magistério Primário e que iniciou também o ensino de música aos seus alunos, acabando por levar à fundação da Banda Escolar de Troviscal, em 1911. O sucesso da banda, cujo nível artístico era admirável, atingiu todo o país, porém uma demanda com as autoridades eclesiásticas de Coimbra que impediam a banda de participar em cerimónias religiosas, levou à concentração eempenho da banda na realização de concertos por todo o país, cujos convites surgiam em grande parte por solidariedade para com a banda face à quezília criada. Apenas a 7 de setembro de 1939 é decretada a anulação da dita interdição, por D. João Evangelista Lima Vidal, bispo da diocese de Aveiro, então recém restaurada. Com a morte do professor fundador, a banda acabaria por se extinguir, mas não sem deixar saudade na memória do povo de Troviscal que após 30 anos da sua extinção, mandou erigir o busto do professor, em gesto nobre de homenagem.

A nível patrimonial em Troviscal merecem especial referência a igreja paroquial, as capelas de São Tomé, de São José e de Santo António e a fonte da Saúde. De realçar também oMuseu Etnomúsica, inaugurado em 2005 com o objetivo de preservar o património musical e cultural de toda a zona da Bairrada.

A economia local sempre foi sustentada pela agricultura e pela produção vinícola.

 

 

Mamarrosa 

Mamarrosa dista cerca de 11 quilómetros da sede concelhia e encontra-se situada na região vinhateira da Bairrada, na margem direita do rio Boca. Tem por orago S. Simão.

Pelo seu estudo toponímico, reporta-se a fixação humana no território da atual povoação, até à pré-história, pois "Mamarrosa" é a contração de "mamula rasa", que significa "mamoa rasa". De facto, Mamarrosa é terra bastante antiga, milenária, e foi local habitado por pré-celtas e celtas, daí a sua raiz toponímica estar ligada a monumentos que serviam de cemitérios, no período megalítico.

Quanto aos seus primórdios, documentos datados do ano 1020, referem uma doação ao Mosteiro da Vacariça das Vilas de Levira e Lázaro em que Mamarrosa é mencionada para identificação das confrontações daquela vilas. "... AD OCCIDENTALE PARTEM, PER UBI DICUNT MAMOARÁSA UBI...". A região da freguesia que incluía Bustos e Palhaça, conjuntamente com Sosa, foi doada por D. Sancho I, em 15 de outubro de 1193, a uma comunidade de frades da Ordem de Santa Maria de Rocamador, que vieram na armada dos cruzados normandos para ajudar o rei na tomada de Silves aos mouros, em 1189. Sosa, na época, tinha exatamente o seu termo na Mamarrosa. De referir que em 1282 o padroado de Mamarrosa aparece na coroa, o que se justifica pela extinção daquela ordem. Posteriormente D. Afonso V doou o padroado de Mamarrosa a João de Sousa, que o foi passando a seus descendentes por sucessivas confirmações. D. João de Sousa era parente dos Marqueses de Arronches dos quais descenderam os Duques de Lafões que viriam mais tarde a ser senhores e donos desta terra.

Por Mamarrosa terá passado a Infanta D. Joana, em junho de 1472, a caminho do Mosteiro de Jesus de Aveiro, assumindo a chefia da caravana, em virtude de alguns conselhos contrários que desejavam o seu regresso à corte. Mamarrosa, na rota de Aveiro pelo Poente, foi ainda calcorreada pelas fundadoras do Convento de S. João das Carmelitas Descalças de Aveiro, que, provenientes dos conventos de Santa Teresa de Jesus de Carnide e do de Santo Alberto de Lisboa, de lá saíram a 6 de julho de 1658. Por Mamarrosa passou ainda a rainha D. Maria II com o consorte, D. Fernando, acompanhados de seus dois filhos, o príncipe D. Pedro de Alcântara e o Infante D. Luís, de regresso de Aveiro a Lisboa.

O pároco era um cura anual representado pelo Reitor da Vila de Sosa ou segundo a Estatística Paroquial de 1862, da apresentação dos Duques de Lafões. Como o Duque de Lafões era senhor da comenda da Igreja Matriz de Sosa, à qual como foi dito, pertencia a da Mamarrosa como curato, os habitantes desta tinham que pagar-lhe os respetivos dízimos. Acontecia o mesmo relativamente aos outros lugares que ficavam dentro do seu termo. Tinha a sua igreja em 1758, uma Irmandade das Almas e três confrarias: a do Espírito Santo, a do Santíssimo Sacramento e a da Senhora do Rosário.

Administrativamente, Mamarrosa chegou a pertencer ao antigo concelho de Cantanhede, constituindo ela própria um concelho dentro daquele, embora pequeno e com uma vida autónoma muito precária. Como acréscimo, é de referir que dentro do antigo concelho onde se incluía o de Mamarrosa existiam outros, como Ançã e Cadima, que tiveram foral de D. Manuel 1, mas estes, ao contrário de Mamarrosa, com uma vida e administração mais apropriadas ao título. Estes concelhos, chamados pelos historiadores de Concelhos Imperfeitos, dispunham de Justiças eleitas todos os anos e eram representadas apenas por um juiz, um procurador, um escrivão e dois louvados, e estavam sujeitos a correição (visita com inspeção) anual da Câmara.

Notícias do concelho de Mamarrosa surgem com frequência entre o ano de 1828 e 1832, nos atos da correição registados no livro dos autos da Câmara e assentos da vereação, iniciado em 1828; mesmo assim, só nos livros da Câmara de Cantanhede, porque os livros de eleições ou registos da ordens do concelho da Mamarrosa, se perderam na voragem do tempo e pela incúria dos homens.

Desconhece-se o que se passou à volta da desanexação de Mamarrosa da reitoria de Sosa, mas sabe-se que ainda em 1826 se encontravam a esta anexas, as de Mamarrosa e Palhaça, conforme reza o "Auto de Juramento do Clero da Freguesia de Sosa e suas anexas -Palhaça e Mamarrosa", datado de 9 de agosto do mesmo ano.

Mamarrosa pertenceu ao concelho de Mira e passou para o de Oliveira do Bairro por decreto de 31 de dezembro de 1853. De 21 de novembro de 1895 a 13 de janeiro de 1898 esteve anexada ao concelho de Anadia, enquanto durou a supressão do concelho de Oliveira do Bairro.

Mais recentemente, pela Lei n°79/2003 de 26 de agosto de 2003, a Assembleia da República decretou a "Elevação da povoação de Mamarrosa, no concelho de Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro, à categoria de vila".

A Igreja Matriz é talvez o elemento mais significativo do património cultural e edificado.

Quanto às atividades económicas ressaltam a agricultura, a vitivinicultura, o comércio e a indústria. O artesanato faz-se representar nos artigos de verga e na latoaria.

Existem na localidade algumas agremiações que ressaltam pelo seu empenho em proporcionar o bem-estar social, visando também momentos de lazer e de cultura, são elas: a Associação Beneficente de Cultura e Recreio e a Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Mamarrosa.